A consolidação do Engenheiro Biomédico no mercado brasileiro

30/03/2021 11:59

Por: Prof. Dr. Eng. Carlos Rodrigo de Mello Roesler – LEBm/HU-UFSC

Os crescentes avanços científicos e tecnológicos incorporaram à área da saúde o uso de sofisticadas técnicas de projeto, biomateriais e processos de fabricação, resultando no lançamento de produtos complexos destinados à interação com o corpo humano. A atuação conjugada de equipes multidisciplinares coordenadas por engenheiros biomédicos é fundamental para os avanços tecnológicos na área, impulsionando esta profissão relativamente recente no Brasil e cujo crescimento destaca-se mundialmente:

 

https://www.engineering.com

A demanda por este profissional apoia-se em um mercado global que deve atingir US $ 71,67 bilhões até 2026 devido ao aumento da população geriátrica (Fortune Business Insights). Trata-se de profissional que, tendo habilidades natas para as ciências exatas, encontra um propósito de vida focado na melhoria da saúde e o bem-estar humanos, desenvolvendo teorias, sistemas e produtos fundamentais para apoiar as indústrias médicas, prestadores de cuidados de saúde, agências governamentais e entidades acadêmicas (Biomedical Engineering Society). As oportunidades de atuação são amplas:

http://www.bmes.org/aws/BMES/pt/sp/mission

No cenário nacional, as principais sub-áreas de atuação são a Engenharia Biomecânica (projeto e desenvolvimento de dispositivos médicos para a área ortopédica, odontológica e vascular), Engenharia Clínica ou Hospitalar (desenvolvimento de projetos para instalações médicas; assessoria para especificação, aquisição, certificação e manutenção de equipamentos eletromédicos), Informática Médica ou Informática em Saúde (desenvolvimento de software para apoiar processos da área da Saúde, processamento de imagens e sinais, cyber security) e Tecidos Artificiais e Biomateriais (produção de tecidos biológicos e órgãos artificiais; nano-estruturas). Felizmente, o perfil do estudante brasileiro apresenta alta aderência à esta carreira, e de fato hoje o Brasil já conta com 14 universidades públicas e privadas, reconhecidas pelo MEC, que oferecem o curso superior de Engenharia Biomédica.

Particularmente, a área de fabricação de dispositivos médicos merece destaque no cenário nacional, com polo industrial na região de Rio Claro – SP reconhecido internacionalmente e absorvendo grande parte da oferta de novos engenheiros em um movimento de qualificação de seus quadros e resultados. O mercado de implantes de substituição de articulações ortopédicas da América do Norte é o maior do mundo. Atualmente, é responsável por 53,7% do mercado global de implantes de substituição de articulações ortopédicas. A Europa Ocidental é o segundo maior mercado de implantes de substituição de articulações ortopédicas do mundo, respondendo por 19,6% do mercado global de implantes de substituição de articulações ortopédicas. Índia, China, Japão e Brasil, respectivamente, são os mercados de crescimento estimado mais rápido para os principais implantes de substituição de articulações ortopédicas até 2022.

Devido à estrutura do setor médico-hospitalar brasileiro, que apresenta características intrínsecas a países com dimensões continentais, o volume de negócios que prescindem de engenheiros biomédicos é expressivo, e a consolidação deste profissional agindo de forma conjugada com profissionais de saúde no Brasil é uma realidade em 2021.

Referências:

https://www.businesswire.com/news/home/20180815005549/en/Major-Orthopedic-Joint-Replacement-Implants-2018-2022—Global-Market-Opportunities-Strategies-Leading-Players-are-Depuy-Synthes-Zimmer-Biomet-Stryker-Smith-Nephew-and-Aesculap—ResearchAndMarkets.com

https://www.globenewswire.com/news-release/2020/04/09/2014090/0/en/Orthopedic-Devices-Market-to-Reach-USD-71-67-Billion-by-2026-Increasing-Geriatric-Population-to-Boost-Growth-says-Fortune-Business-Insights.html

Sobre o autor:

O Prof. Dr. Eng. Carlos Rodrigo de Mello Roesler é professor do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) possui Graduação em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS (1999), Mestrado em Engenharia Mecânica pela UFRGS (2001) e Doutorado em Engenharia Mecânica pela UFSC (2006). É fundador e atual Coordenador do Laboratório de Engenharia BioMecânica do Hospital Universitário da UFSC (LEBm/HU-UFSC), Laboratório Designado Oficial pela ANVISA, acreditado pelo INMETRO, participante da Rede de Serviços Tecnológicos para Produtos para a Saúde do SIBRATEC (PRODSAUDE- SIBRATEC/ MCTI), participante da Rede Multicênctrica de Avaliação de Implantes Ortopédicos – Ministério da Saúde (REMATO/MS), participante do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia / Medicina Assistida por Computação Científica (INCT-MACC_ CNPq/MCTI) e participante da REBRATS- Rede Brasileira de Avaliação de Tecnologias em Saúde. É o atual Convener do WG1 do Comitê Técnico ISO/TC 150/SC 5 – Implants for Surgery – Osteosynthesis and Spinal Devices, Coordenador da Comissão de Estudos da ABNT – CE26:070.05 Implantes para Osteossíntese e Coluna / Comitê Brasileiro Odonto-médico-Hospitalar (ABNT/CB26), membro do Comitê Gestor da Rede Brasileira de Avaliação de Tecnologias em Saúde – REBRATS, e membro titular da Camara Técnica de Saúde da Federação das Indústrias de Santa Catarina.